05 Junho 2021
Navio com bandeira de Singapura despejou resíduos químicos no mar depois de pegar fogo em 20 de maio.
A reportagem é publicada por La Croix International, 02-06-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Cardeal Malcolm Ranjith decidiu entrar com uma ação contra o proprietário da embarcação que causou um desastre ambiental na costa do Sri Lanka.
Ele disse que a comunidade pesqueira foi gravemente prejudicada pela embarcação singapurense MV X-Press Pearl, a qual despejou lixo químico no mar depois de incendiar em 20 de maio.
“Eu estou pronto para liderar essa ação legal contra a companhia que é dona do navio”, disse o cardeal Ranjith, em 02 de junho, em Colombo.
O navio cargueiro carregava 25 toneladas de ácido nítrico além de outros químicos e cosméticos quando iniciou o fogo que causou a explosão.
A parte traseira do navio tocou o fundo do mar a uma profundidade de 21 metros. Na noite de 2 de junho, apenas a parte frontal do navio foi vista acima da superfície.
O incêndio no navio cargueiro de bandeira de Singapura foi apagado e uma empresa de salvamento começou a rebocá-lo para mares mais profundos na costa de Colombo em 2 de junho.
Mapa da Ásia com destaque ao Sri Lanka, o sinal em vermelho indica a localização aproximada do naufrágio do navio cargueiro MV X-Press Pearl. Fonte: Wikicommons
As autoridades alertaram as pessoas para não tocar em nenhum entulho acumulado nas praias, pois pode ser prejudicial. Mais de mil pessoas, incluindo militares da marinha e do exército, limparam as praias nos últimos dias.
As autoridades de proteção marinha e costeira do Sri Lanka alertaram sobre uma crise ambiental, já que toneladas de resíduos de plástico e pellets do navio continuam chegando à costa.
O Ministério da Pesca exortou os pescadores a não se aventurarem nos mares em uma área de 80 km ao longo da costa ocidental.
Autoridades, como a Autoridade de Proteção Ambiental Marinha (MEPA, em inglês), estão preocupadas com as possíveis ameaças às águas rasas de piscicultura das lagoas que circundam a área, que é conhecida por seus caranguejos e camarões gigantes, bem como por suas praias turísticas.
O MEPA está avaliando os possíveis impactos sobre os manguezais, lagoas e fauna marinha da região, enquanto um possível vazamento de óleo aumentaria a devastação.
O cardeal Ranjith instou todas as organizações de pesca a tomarem medidas legais contra a empresa.
“Se o combustível vazar para o mar, haverá mais destruição do que atualmente e os pescadores perderão seus empregos e as praias”, disse o cardeal Ranjith, que também é arcebispo de Colombo.
O porta-voz da Marinha, capitão Indika De Silva, disse que nenhum derramamento de óleo foi visto do navio.
Ambientalistas dizem que um grande desastre ecológico ocorreu, matando a vida marinha e espalhando a poluição.
O governo impôs uma proibição temporária à pesca na área afetada e está buscando uma indenização da empresa proprietária do X-Press Pearl, enquanto a polícia inicia uma investigação criminal sobre o incêndio.
Ravi Fernando, um pescador de Negombo, disse que os pescadores não podem ir para o mar e não têm ideia de quantos anos vai demorar para o mar se recuperar.
"Como vivemos com nossos filhos?", ele perguntou.
“No conflito do querosene, no projeto de hidroaviões e do porto da cidade, a Igreja local não esteve com os pescadores, mesmo que os pescadores deem seu dinheiro para manter as paróquias”.
Cardeal Ranjith disse que as pessoas precisam de líderes que tomem decisões em nome do público.
“Ações devem ser tomadas para calcular as perdas incorridas pela comunidade pesqueira e recuperar as perdas dos pescadores e pagar compensação”, disse.
Essa não é a primeira vez que o cardeal sri-lankês falou sobre a questão do meio ambiente.
No início deste ano, Ranjith, cardeal de Colombo, abordou os problemas ambientais na sua arquidiocese lembrando Muthurajawela, uma ilha pantanosa a 30km ao norte de colombo.
Essa ilha é notória por seu ecossistema único e altamente diverso e é listada como uma das 12 regiões prioritárias do Sri Lanka. Muthurajawela, cuja tradução significa algo como “Pântano do Tesouro Real”, tem uma história de 700 anos.
Tem uma área de 4.390 acres e embora apenas 700 acres estejam demarcados para o desenvolvimento, o projeto teve um efeito drástico.
Anteriormente, havia placas para proteger o território, mas novas placas declaram que a área é propriedade de um empresário local. O cardeal Ranjith descobriu que, sem qualquer avaliação, o terreno havia sido entregue a empresas privadas para a construção de um campo de golfe e hotéis para turistas ricos.
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Cardeal sri-lankês processa proprietário de embarcação pela poluição - Instituto Humanitas Unisinos - IHU